terça-feira, 6 de setembro de 2011

A I Roda de Diálogos

Fizemos nossa primeira Roda de Diaálogo no último dia 17 de agosto, na Livraria Cultura. Tivemos cinco mulheres relatando seus partos (cesárea desnecessária + parto domiciliar; cesárea necessária, de emergência; parto normal hospitalar; cesárea + parto induzido, com bebê pélvico + parto natural, com bebê pélvico; cesárea eletiva). Também contamos com quatro profissionais de saúde, sendo três enfermeiras obstetras (duas delas com experiências de parto) e uma obstetra.
Os relatos foram riquíssimos. Lamentamos apenas não ter tido mais tempo para conversarmos sobre cada experiência.
A presença das enfermeiras obstetras foi muito importante para pensarmos sobre o modelo predominante de assistência ao parto no Brasil, centrado na técnica do médico obstetra. Os enfermeiros, nos parece, podem ter um papel estratégico num atendimento ao parto menos invasivo. A obstetra convidada falou um pouco sobre o que é remar contra a maré cesarista hegemônica - trouxe um dado alarmante de taxas de cesáreas que alcançam 95% em alguns hospitais particulares de Recife. Neste contexto, assumir que uma mulher pode escolher pelo tipo de parto que quer pode ser um pouco ingênuo.
Já os relatos das mulheres com experiências de parto, incluindo as duas profissionais que relacionaram suas experiências como parturientes e como enfermeiras, trouxe uma série de questões. Muitas destas estão relacionadas a "poder": o poder do profissional que decide sobre o parto ou cesárea da mulher; o empoderamento que as mulheres alcançam através da informação; o empoderamento necessário para um diálogo com os profissionais sobre as preferências com relação ao parto; o poder que extirpado da mulher que se submete a uma cesárea eletiva; o empoderamento fruto das experiêcias de partos fisiológicos, com o protagonismo da mulher sendo incentivado, permitido, estimulado.
Já estamos programando nossas próximas Rodas, e esperamos que elas sejam tão satisfatórias para todas/os nós quanto foi esta primeira - tão satisfatórias quanto deveriam ser todas as experiências de trazer ao mundo novos seres humanos.

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